Thursday, 29 April 2010
Wednesday, 28 April 2010
"Meditar é ser-se inocente com relação ao tempo. A meditação não é um escapa do mundo, nem uma atividade fechada sobre si mesma, isoladora, mas consiste na compreensão do mundo e nas suas expressões. O mundo possui muito pouco a oferecer aparte a alimentação, roupas e abrigo – e o prazer com os seus enormes tormentos. Meditar é vaguear para longe deste mundo; temos de ser completamente estranhos a ele, porque então o mundo adquire significado e a beleza dos céus e da terra torna-se uma constância. Então o amor deixa de ser prazer; daí provém toda a ação que não consiste num produto da tensão, nem da contradição, nem da busca do auto-preenchimento nem do conceito de poder." - K
Tuesday, 27 April 2010
Impor, que estupidez!
Inteligente não impõe
nem a coisa melhor do mundo,
e não foge, mas não fica com a merda
nos intestinos,nem a mais perfumada!!
Se o universo está em expansão, e deve estar,
é porque demasiados ainda se expandem
mais do que se contraem, assim se matando.
Toda a substituição, toda, é ignorância, estupidez.
Substituição é suborno, mas inteligência é compreensão
dos problemas, nos seus diversos níveis, logo assim
que eles acontecem.Quando há compreensão,
que é a verdadeira inteligência, os(as) imbecis
e tudo o que é imbecil desaparecem.
E, a VERDADE e a JUSTIÇA, seja do que quer
que for, jamais dependem de opiniões!
Inteligente não impõe
nem a coisa melhor do mundo,
e não foge, mas não fica com a merda
nos intestinos,nem a mais perfumada!!
Se o universo está em expansão, e deve estar,
é porque demasiados ainda se expandem
mais do que se contraem, assim se matando.
Toda a substituição, toda, é ignorância, estupidez.
Substituição é suborno, mas inteligência é compreensão
dos problemas, nos seus diversos níveis, logo assim
que eles acontecem.Quando há compreensão,
que é a verdadeira inteligência, os(as) imbecis
e tudo o que é imbecil desaparecem.
E, a VERDADE e a JUSTIÇA, seja do que quer
que for, jamais dependem de opiniões!
Friday, 16 April 2010
“ pode produzir uma mudança, mas toda a mudança necessita, por sua vez, de nova mudança; do mesmo modo que toda a reforma. A meditação que brota do tempo é sempre fator de limitação, e nisso não pode haver liberade nenhuma; mas sem liberdade sempre haverá necessidade de escolha e conflito.
Perceber é fazer. O intervalo existente entre o perceber e o fazer é perda de energia – de que necessitamos para perceber – que em si mesmo é fazer.
Ser mundano é evitar o mundo (não nos prendermos muito ao mundo é a maneira de lhe sermos mais úteis)
Morrer significa amar. A beleza do amor não reside nas recordações do passado nem nas imagens do amanhã. O amor não tem passado nem futuro, aquilo que o tem é a memória.
O pensamento é prazer, coisa que não é amor. O amor e a paixão residem bem para além do alcance da socieade, que sois(somos) vós(nós) – não nos podemos separar. Morram(morramos – psicologicamente. Sobre a morte (págs. 220 a 222 de “O Sentido da Vida”: de um lado a vida, a cas, o emprego, a família…e, no outro a morte, que põe fim a tudo. Mas, o novo, o eterno, a paz, o amor, a beleza, a felicidade… não podem manifestar-se onde há continuidade). (Morrer é continuar noutra forma, é mudar…)
A meditação é aquela luz da mente que clareia o caminho para a ação. Sem essa luz não pode haver amor.
A meditação é um movimento no e do desconhecido. Nós não estamos presentes mas somente o seu movimento. Somos demasiado insignificantes ou grandiosos, muito ou pouco sigificativos para o seu movimento. Ele não possui nada na retaguarda nem na sua frente. È essa energia que o pensamento, enquanto matéria, não pode tocar. O pensamento é perversão, pois é um produto do ontem; preso na labuta dos séculos é, consequentemente, confuso e obscuro. Façam o que quizerem, o conhecido não poderá esticar o “braço” para tocar o conhecido.
Meditar é perceber o que é, e transcendê-lo.
Olhem e escutem em silêncio. O silêncio não é o término do ruído; o clamor incessante da mente e do coração não sofre término no silêncio.”
Fonte:http://www.esnips.com/doc/1088413e-9239-4fe1-973d-0d00b4047884/Krishnamurti---A-Arte-da-Medita%C3%A7%C3%A3o
Perceber é fazer. O intervalo existente entre o perceber e o fazer é perda de energia – de que necessitamos para perceber – que em si mesmo é fazer.
Ser mundano é evitar o mundo (não nos prendermos muito ao mundo é a maneira de lhe sermos mais úteis)
Morrer significa amar. A beleza do amor não reside nas recordações do passado nem nas imagens do amanhã. O amor não tem passado nem futuro, aquilo que o tem é a memória.
O pensamento é prazer, coisa que não é amor. O amor e a paixão residem bem para além do alcance da socieade, que sois(somos) vós(nós) – não nos podemos separar. Morram(morramos – psicologicamente. Sobre a morte (págs. 220 a 222 de “O Sentido da Vida”: de um lado a vida, a cas, o emprego, a família…e, no outro a morte, que põe fim a tudo. Mas, o novo, o eterno, a paz, o amor, a beleza, a felicidade… não podem manifestar-se onde há continuidade). (Morrer é continuar noutra forma, é mudar…)
A meditação é aquela luz da mente que clareia o caminho para a ação. Sem essa luz não pode haver amor.
A meditação é um movimento no e do desconhecido. Nós não estamos presentes mas somente o seu movimento. Somos demasiado insignificantes ou grandiosos, muito ou pouco sigificativos para o seu movimento. Ele não possui nada na retaguarda nem na sua frente. È essa energia que o pensamento, enquanto matéria, não pode tocar. O pensamento é perversão, pois é um produto do ontem; preso na labuta dos séculos é, consequentemente, confuso e obscuro. Façam o que quizerem, o conhecido não poderá esticar o “braço” para tocar o conhecido.
Meditar é perceber o que é, e transcendê-lo.
Olhem e escutem em silêncio. O silêncio não é o término do ruído; o clamor incessante da mente e do coração não sofre término no silêncio.”
Fonte:http://www.esnips.com/doc/1088413e-9239-4fe1-973d-0d00b4047884/Krishnamurti---A-Arte-da-Medita%C3%A7%C3%A3o
“Agora despedaçai a flor em pedaços, seja verbalmente ou por via de fato e ela deixará de ser uma flor, somente a lembrança do que era (mas/e, uns restos, imediatamente a serem uma nova coisa…) – o que certamente (É e ) não é a flor.
A meditação é a ausência da consciência, não pode de forma nenhuma provocar este silêncio. O término desse intrincado e subtil mecanismo deve ser espontâneo, sem depender de nenhuma recompensa nem garantia. É o único modo de o cérebro permanecer sensível, vital e sereno.
Faz parte da meditação o cérebro compreender as suas atividades superficiais e ocultas; nisso consiste a base da meditação, sem o que ela se torna uma actividade vazia de significado, conducente à auto-ilusão e à auto-hipnose. O silêncio é essencial para que ocorra a explosão da criação.
A meditação floresce na bondade. Sem ser propriamente virtude – cujo lento cultivo exige tempo – nem ser expressão de respeitabilidade social e sem representar a chancela da autoridade, a beleza da meditação está na beleza do perfume do seu desabrochar. Como poderá haver alegria na meditação se ela provier do desejo e do sofrimento? Como poderá ela florir se a procurarmos através do controle, da repressão ou do sacrifício? Como poderá desabrochar das sombras do medo ou da ambição, do desejo de fama? Como poderá florescer à sombra da esperança ou do desespero? Tudo isso deve ser abandonado de modo espontâneo e natural, sem remorsos.
A meditação não se presta a erguer muros de defesa ou de resistência, para em seguida fenecerem; tampouco é ela talhada segundo um método ou sistema. Qualquer sistema padroniza o pensamento, mas todo o conformismo impede o florescimento da meditação. Para que ela desabroche é preciso haver liberdade e FINDAR DAQUILO QUE É. Sem liberdade não há auto-conhecimento, e sem auto-conhecimento a meditação não pode ocorrer. Por mais vasto que seja o alcance do pensamento na sua busca de conhecimento, ele continuará a ser estreito e medíocre. A meditação não reside no processe aquisitivo e expansivo do saber, mas viceja na liberdade total, e termina no desconhecido. A meditação não tem assento no tempo, o tempo não pode produzir a mutação.”
Fonte: http://www.esnips.com/doc/1088413e-9239-4fe1-973d-0d00b4047884/Krishnamurti---A-Arte-da-Medita%C3%A7%C3%A3o
A meditação é a ausência da consciência, não pode de forma nenhuma provocar este silêncio. O término desse intrincado e subtil mecanismo deve ser espontâneo, sem depender de nenhuma recompensa nem garantia. É o único modo de o cérebro permanecer sensível, vital e sereno.
Faz parte da meditação o cérebro compreender as suas atividades superficiais e ocultas; nisso consiste a base da meditação, sem o que ela se torna uma actividade vazia de significado, conducente à auto-ilusão e à auto-hipnose. O silêncio é essencial para que ocorra a explosão da criação.
A meditação floresce na bondade. Sem ser propriamente virtude – cujo lento cultivo exige tempo – nem ser expressão de respeitabilidade social e sem representar a chancela da autoridade, a beleza da meditação está na beleza do perfume do seu desabrochar. Como poderá haver alegria na meditação se ela provier do desejo e do sofrimento? Como poderá ela florir se a procurarmos através do controle, da repressão ou do sacrifício? Como poderá desabrochar das sombras do medo ou da ambição, do desejo de fama? Como poderá florescer à sombra da esperança ou do desespero? Tudo isso deve ser abandonado de modo espontâneo e natural, sem remorsos.
A meditação não se presta a erguer muros de defesa ou de resistência, para em seguida fenecerem; tampouco é ela talhada segundo um método ou sistema. Qualquer sistema padroniza o pensamento, mas todo o conformismo impede o florescimento da meditação. Para que ela desabroche é preciso haver liberdade e FINDAR DAQUILO QUE É. Sem liberdade não há auto-conhecimento, e sem auto-conhecimento a meditação não pode ocorrer. Por mais vasto que seja o alcance do pensamento na sua busca de conhecimento, ele continuará a ser estreito e medíocre. A meditação não reside no processe aquisitivo e expansivo do saber, mas viceja na liberdade total, e termina no desconhecido. A meditação não tem assento no tempo, o tempo não pode produzir a mutação.”
Fonte: http://www.esnips.com/doc/1088413e-9239-4fe1-973d-0d00b4047884/Krishnamurti---A-Arte-da-Medita%C3%A7%C3%A3o
Tuesday, 13 April 2010
Sobre o sofrimento (e o prazer)
Pergunta: qual é o significado da dor e do sofrimento?
Krishnamurti: quando sofremos, quando sentimos dor, o que é que isso significa? A dor física tem um significado (acidente, doença…) mas provavelmente estamos a referir-nos à dor e ao sofrimento psicológicos, o que tem um significado muito diferente a vários níveis. O que significa sofrer? Por que queremos encontrar o significado do sofrimento? (Krish. falou aprofundadamente no significado do prazer? Não sei. Claro que conheço referências suas aqui e ali a esta questão: dum modo geral ele diz que prazer físico = dor física, pelo menos na actual situação, e, acho que está certo. Pois, sendo manifesto que há muitos prazeres físicos e mentais que servem altamente à Vida, que é Divinalmente boa, é também patente que o abuso e a perversão dos prazeres, não só físicos, conduzem ao sofrimento. Além do mais, existem muitos prazeres espirituais, (ainda que não separemos nem prazeres, nem dores, nem nada), chamados de alegrias, felicidade, gozo, êxtase de que muitos pensam não ser para eles, sendo porventura a insistência nos prazeres da carne uma das causas dessa situação, mas talvez não só: muitos espiritualistas, que K. não é de modo algum, não vê, por exemplo o mal no sexo normal que muitos religiosos vêem, têm muita culpa. Entretanto, fui buscar para aqui a questão do prazer, porque, pelo menos aqui, ele não vai dizer que uma das fugas – e as fugas serão sempre más? - à dor pode ser a procura do prazer. Por outro lado, e esta é uma das enormes descobertas de K., descobrir a Verdade é sempre muito mais importante do que a melhor das fugas! Sendo que, se quisermos saber o significado do prazer ou de outra coisa qualquer, teremos de aplicar os princípios que vão aqui e em quase todos os ensinos de K ser explicados).
Não quer dizer que não tenha nenhum significado – vamos descobrir isso. Mas por que queremos saber? Por que queremos descobrir a razão de sofrermos? Quando colocamos a nós mesmos a questão: por que sofro? E ficamos â procura da causa do sofrimento, não será que estamos a fugir do sofrimento? Quando procuro o significado do sofrimento, não estarei a evitar, a escapar, a fugir desse sofrimento? O fato é: estou em sofrimento; mas no momento em que faço entrar a mente para actuar sobre o sofrimento e pergunto porquê? Já diluí a intensidade do sofrimento. Por outras palavras, queremos que o sofrimento se dissolva, seja aliviado, posto longe, seja explicado. Certamente que isso não proporciona uma compreensão do sofrimento (é sabido que uma dor menor pode servir para evitar uma maior). Se eu estiver liberto do desejo de fugir, ,(este é um dos grandes princípios de K. para a compreensão de todo o Real, toda a Verdade)então começo a compreender qual é o conteúdo do sofrimento (e não há muitas pessoas que também fogem, por vezes com fortes motivos até, do prazer?).
O que é o sofrimento? Uma perturbação a vários níveis – no nível físico e em diferentes níveis do subconsciente. (O prazer é uma harmonia, uma energia, uma satisfação, um bem estar, um compreender, um amar, um fazer bem…)…
Pág. 159 de: “O Sentido da Liberdade” de Krishnamurti, da Editorial Presença, Lisboa
Pergunta: qual é o significado da dor e do sofrimento?
Krishnamurti: quando sofremos, quando sentimos dor, o que é que isso significa? A dor física tem um significado (acidente, doença…) mas provavelmente estamos a referir-nos à dor e ao sofrimento psicológicos, o que tem um significado muito diferente a vários níveis. O que significa sofrer? Por que queremos encontrar o significado do sofrimento? (Krish. falou aprofundadamente no significado do prazer? Não sei. Claro que conheço referências suas aqui e ali a esta questão: dum modo geral ele diz que prazer físico = dor física, pelo menos na actual situação, e, acho que está certo. Pois, sendo manifesto que há muitos prazeres físicos e mentais que servem altamente à Vida, que é Divinalmente boa, é também patente que o abuso e a perversão dos prazeres, não só físicos, conduzem ao sofrimento. Além do mais, existem muitos prazeres espirituais, (ainda que não separemos nem prazeres, nem dores, nem nada), chamados de alegrias, felicidade, gozo, êxtase de que muitos pensam não ser para eles, sendo porventura a insistência nos prazeres da carne uma das causas dessa situação, mas talvez não só: muitos espiritualistas, que K. não é de modo algum, não vê, por exemplo o mal no sexo normal que muitos religiosos vêem, têm muita culpa. Entretanto, fui buscar para aqui a questão do prazer, porque, pelo menos aqui, ele não vai dizer que uma das fugas – e as fugas serão sempre más? - à dor pode ser a procura do prazer. Por outro lado, e esta é uma das enormes descobertas de K., descobrir a Verdade é sempre muito mais importante do que a melhor das fugas! Sendo que, se quisermos saber o significado do prazer ou de outra coisa qualquer, teremos de aplicar os princípios que vão aqui e em quase todos os ensinos de K ser explicados).
Não quer dizer que não tenha nenhum significado – vamos descobrir isso. Mas por que queremos saber? Por que queremos descobrir a razão de sofrermos? Quando colocamos a nós mesmos a questão: por que sofro? E ficamos â procura da causa do sofrimento, não será que estamos a fugir do sofrimento? Quando procuro o significado do sofrimento, não estarei a evitar, a escapar, a fugir desse sofrimento? O fato é: estou em sofrimento; mas no momento em que faço entrar a mente para actuar sobre o sofrimento e pergunto porquê? Já diluí a intensidade do sofrimento. Por outras palavras, queremos que o sofrimento se dissolva, seja aliviado, posto longe, seja explicado. Certamente que isso não proporciona uma compreensão do sofrimento (é sabido que uma dor menor pode servir para evitar uma maior). Se eu estiver liberto do desejo de fugir, ,(este é um dos grandes princípios de K. para a compreensão de todo o Real, toda a Verdade)então começo a compreender qual é o conteúdo do sofrimento (e não há muitas pessoas que também fogem, por vezes com fortes motivos até, do prazer?).
O que é o sofrimento? Uma perturbação a vários níveis – no nível físico e em diferentes níveis do subconsciente. (O prazer é uma harmonia, uma energia, uma satisfação, um bem estar, um compreender, um amar, um fazer bem…)…
Pág. 159 de: “O Sentido da Liberdade” de Krishnamurti, da Editorial Presença, Lisboa
Monday, 12 April 2010
SOBRE A TRANSFORMAÇÃO
Pergunta: O que entende o senhor por transformação?
Krishnamurti: É óbvio que tem de acontecer uma revolução radical. A crise mundial exige-a. As nossas vidas também exigem essa transformação. Os nossos problemas pedem que haja uma mudança. Tem de haver uma revolução fundamental, radical, porque tudo à nossa volta está em colapso. Ainda que pareça haver ordem, existe de fato destruição e uma lenta queda: a onda da destruição está constantemente a sobrepor-se à onda da vida.
Portanto, tem de acontecer uma revolução – mas não uma revolução baseada numa ideia (nem num homem ou mulher). Uma revolução baseada numa ideia será meramente a continuação da(s) ideia(s), e não uma transformação radical. Uma revolução baseada numa ideia traz derramamento de sangue (vermelho, branco ou de outras cores…), fragmentação, caos. Não se pode criar ordem a partir do caos. Não somos os «escolhidos de Deus», para podermos gerar ordem a partir da confusão. Estamos perante um falso modo de pensar por parte daquelas pessoas que querem gerar mais e mais confusão para que depois possa existir ordem. Porque no momento em que estão no poder, elas assumem que sabem todas as maneiras de se produzir ordem ( Confusão, terra queimada, morte, destruição… Primeiro só desordem, depois só ordem… Um pouco como a separação radical do bem e do mal, não é?). Vendo a globalidade de toda esta catástrofe – a constante repetição de guerras, o infindável conflito entre classes sociais e entre os povos, a enorme desigualdade económica e social, a distância entre os que estão felizes, os que não são incomodados, e aqueles que são apanhados pelo ódio, pelo conflito e pela desgraça – observando tudo isto, tem de acontecer uma revolução, uma transformação completa, não é verdade?
Será essa transformação, essa revolução radical uma coisa definitiva, ou será algo que acontece momento a momento? Sei que gostaríamos que fosse uma coisa final, porque é muito fácil pensarmos em termos de distância temporal. «Um dia seremos transformados»; «um dia seremos felizes»; «um dia encontraremos a Verdade»; entretanto, nada acontece. Certamente que uma tal mente, pensando em termos de futuro, é incapaz de agir no presente (o mesmo para a que está sempre a pensar em termos de passado); assim, essa mente não busca a transformação, está simplesmente a evitar a transformação. O que quer dizer transformação?
A transformação não está no futuro, nunca poderá estar no futuro. Ela só pode estar no agora, em cada momento. Assim, o que queremos dizer com transformação? É decerto muito simples: ver o falso como falso e o verdadeiro como verdadeiro; ver a verdade do falso e ver o falso naquilo que é aceite como verdadeiro. A transformação é ver o falso como falso e o verdadeiro, porque quando vemos muito claramente uma coisa como sendo verdadeira, essa liberdade liberta. (E) quando vemos que algo é falso, essa coisa falsa desaparece. Quando vemos que as cerimónias são meras e vãs repetições, quando vemos a verdade disso e não arranjamos justificações, acontece uma transformação, porque terminou mais uma dependência. Quando vemos que a diferença de classes (qualquer classe, claro) é falsa, que isso gera conflito, infelicidade, divisão entre pessoas – quando vemos a liberdade disso, essa mesma liberdade liberta-nos. A própria percepção dessa verdade é transformação. Estando rodeados de tanta coisa falsa, percepcionarmos a falsidade, momento a momento, é, em si, transformação. A Verdade não é acumulativa. Ela está presente em todos os momentos. Aquilo que é acumulativo, que se junta, é memória, e através da memória nunca podemos encontrar a Verdade, porque a memória pertence ao tempo – tempo sendo passado, presente e futuro. O tempo, que é continuidade, nunca pode encontrar aquilo que é eterno. A eternidade está no momento, no agora.. O agora não é reflexo do passado nem é a continuação do passado atravessando o presente e seguindo em direção ao futuro. (Isto não quer dizer que no eterno não há movimento, mas tão somente que cada momento é sempre novo, perfeito e bom, não é?)
A mente que deseja uma transformação no futuro, ou que olha para a transformação como algo definitivo, nunca poderá encontrar a Verdade, porque a Verdade que existe momento a momento tem de ser descoberta sem a presença do passado; não há nenhuma descoberta através da acumulação. Como podemos nós descobrir o novo se transportarmos o fardo do velho? Só através da inexistência deste fardo conseguimos descobrir o novo. Para descobrirmos o novo, o Eterno, no presente, momento a momento, precisamos de uma mente extraordinariamente vigilante, de uma mente que não esteja à procura de um resultado, de uma mente que não queira tornar-se outra coisa. Uma mente que deseja vir a ser diferente nunca poderá conhecer a grande bênção do contentamento; não o contentamento que vem de um resultado alcançado, mas o contentamento que chega quando a mente vê o que é verdade e o que é falso naquilo que é.
A transformação não é um fim, não é um resultado. Resultado implica resíduo, causa e efeito. Onde há uma causa, há obrigatoriamente um efeito. O efeito é o simples resultado do nosso desejo de querermos ser transformados. Quando desejamos ser transformados, estamos ainda a pensar em termos de «vir a ser» ( se até um desejo tão “louvável” como este é sem sentido, quanto mais os restantes!); aquilo que «há-de vir a ser» - o desejo - nunca poderá conhecer aquilo que é. (e, noutro lado, K. DIZ QUE UM DOS NOSSOS GRANDES PROBLEMAS É NÃO PORMOS A NOSSA FELICIDADE NO PENSAMENTO APENAS, MAS SIM EM VÁRIAS COISAS FORA DE NÓS, NO ESPAÇO OU NO TEMPO, por mais importantes que essas coisas possam parecer). A Verdade é a todo o momento, e a felicidade que tem continuidade (que se quer continuar?) não é felicidade. A verdadeira felicidade é um estado de ser (modo de vida?) intemporal. Esse estado intemporal só pode acontecer quando há um grande descontentamento – não o descontentamento que encontrou um canal através do qual se escapa, mas sim o descontentamento que não tem qualquer saída ou escape, que não mais busca realização. Só então, nesse estado de supremo descontentamento, poderá a Realidade mostrar-se. Essa Realidade não pode ser comprada, vendida ou repetida; ela não pode ser guardada nos livros. Tem de ser encontrada a todo o momento, num sorriso, numa lágrima, debaixo de uma folha morta, nos pensamentos errantes, na plenitude do Amor.
Onde existe Amor, há transformação. Sem Amor, a revolução não terá qualquer sentido e será meramente destruição, ruína e uma infelicidade cada vez maior. Onde há Amor, há revolução, porque o Amor é transformação de momento a momento.
A mente que deseja uma transformação no futuro, ou que olha para a transformação como algo definitivo, nunca poderá encontrar a Verdade, porque a Verdade que existe momento a momento tem de ser descoberta sem a presença do passado; não há nenhuma descoberta através da acumulação. Como podemos nós descobrir o novo se transportarmos o fardo do velho? Só através da inexistência deste fardo conseguimos descobrir o novo. Para descobrirmos o novo, o Eterno, no presente, momento a momento, precisamos de uma mente extraordinariamente vigilante, de uma mente que não esteja à procura de um resultado, de uma mente que não queira tornar-se outra coisa. Uma mente que deseja vir a ser diferente nunca poderá conhecer a grande bênção do contentamento; não o contentamento que vem de um resultado alcançado, mas o contentamento que chega quando a mente vê o que é verdade e o que é falso naquilo que é.
A transformação não é um fim, não é um resultado. Resultado implica resíduo, causa e efeito. Onde há uma causa, há obrigatoriamente um efeito. O efeito é o simples resultado do nosso desejo de querermos ser transformados. Quando desejamos ser transformados, estamos ainda a pensar em termos de «vir a ser» ( se até um desejo tão “louvável” como este é sem sentido, quanto mais os restantes!); aquilo que «há-de vir a ser» - o desejo - nunca poderá conhecer aquilo que é. (e, noutro lado, K. DIZ QUE UM DOS NOSSOS GRANDES PROBLEMAS É NÃO PORMOS A NOSSA FELICIDADE NO PENSAMENTO APENAS, MAS SIM EM VÁRIAS COISAS FORA DE NÓS, NO ESPAÇO OU NO TEMPO, por mais importantes que essas coisas possam parecer). A Verdade é a todo o momento, e a felicidade que tem continuidade (que se quer continuar?) não é felicidade. A verdadeira felicidade é um estado de ser (modo de vida?) intemporal. Esse estado intemporal só pode acontecer quando há um grande descontentamento – não o descontentamento que encontrou um canal através do qual se escapa, mas sim o descontentamento que não tem qualquer saída ou escape, que não mais busca realização. Só então, nesse estado de supremo descontentamento, poderá a Realidade mostrar-se. Essa Realidade não pode ser comprada, vendida ou repetida; ela não pode ser guardada nos livros. Tem de ser encontrada a todo o momento, num sorriso, numa lágrima, debaixo de uma folha morta, nos pensamentos errantes, na plenitude do Amor.
Onde existe Amor, há transformação. Sem Amor, a revolução não terá qualquer sentido e será meramente destruição, ruína e uma infelicidade cada vez maior. Onde há Amor, há revolução, porque o Amor é transformação de momento a momento."
Págs, 268 e 269 de: “O Sentido da Liberdade”, de J. Krishnamurti, da Editorial Presença, Lisboa, 2007
Pergunta: O que entende o senhor por transformação?
Krishnamurti: É óbvio que tem de acontecer uma revolução radical. A crise mundial exige-a. As nossas vidas também exigem essa transformação. Os nossos problemas pedem que haja uma mudança. Tem de haver uma revolução fundamental, radical, porque tudo à nossa volta está em colapso. Ainda que pareça haver ordem, existe de fato destruição e uma lenta queda: a onda da destruição está constantemente a sobrepor-se à onda da vida.
Portanto, tem de acontecer uma revolução – mas não uma revolução baseada numa ideia (nem num homem ou mulher). Uma revolução baseada numa ideia será meramente a continuação da(s) ideia(s), e não uma transformação radical. Uma revolução baseada numa ideia traz derramamento de sangue (vermelho, branco ou de outras cores…), fragmentação, caos. Não se pode criar ordem a partir do caos. Não somos os «escolhidos de Deus», para podermos gerar ordem a partir da confusão. Estamos perante um falso modo de pensar por parte daquelas pessoas que querem gerar mais e mais confusão para que depois possa existir ordem. Porque no momento em que estão no poder, elas assumem que sabem todas as maneiras de se produzir ordem ( Confusão, terra queimada, morte, destruição… Primeiro só desordem, depois só ordem… Um pouco como a separação radical do bem e do mal, não é?). Vendo a globalidade de toda esta catástrofe – a constante repetição de guerras, o infindável conflito entre classes sociais e entre os povos, a enorme desigualdade económica e social, a distância entre os que estão felizes, os que não são incomodados, e aqueles que são apanhados pelo ódio, pelo conflito e pela desgraça – observando tudo isto, tem de acontecer uma revolução, uma transformação completa, não é verdade?
Será essa transformação, essa revolução radical uma coisa definitiva, ou será algo que acontece momento a momento? Sei que gostaríamos que fosse uma coisa final, porque é muito fácil pensarmos em termos de distância temporal. «Um dia seremos transformados»; «um dia seremos felizes»; «um dia encontraremos a Verdade»; entretanto, nada acontece. Certamente que uma tal mente, pensando em termos de futuro, é incapaz de agir no presente (o mesmo para a que está sempre a pensar em termos de passado); assim, essa mente não busca a transformação, está simplesmente a evitar a transformação. O que quer dizer transformação?
A transformação não está no futuro, nunca poderá estar no futuro. Ela só pode estar no agora, em cada momento. Assim, o que queremos dizer com transformação? É decerto muito simples: ver o falso como falso e o verdadeiro como verdadeiro; ver a verdade do falso e ver o falso naquilo que é aceite como verdadeiro. A transformação é ver o falso como falso e o verdadeiro, porque quando vemos muito claramente uma coisa como sendo verdadeira, essa liberdade liberta. (E) quando vemos que algo é falso, essa coisa falsa desaparece. Quando vemos que as cerimónias são meras e vãs repetições, quando vemos a verdade disso e não arranjamos justificações, acontece uma transformação, porque terminou mais uma dependência. Quando vemos que a diferença de classes (qualquer classe, claro) é falsa, que isso gera conflito, infelicidade, divisão entre pessoas – quando vemos a liberdade disso, essa mesma liberdade liberta-nos. A própria percepção dessa verdade é transformação. Estando rodeados de tanta coisa falsa, percepcionarmos a falsidade, momento a momento, é, em si, transformação. A Verdade não é acumulativa. Ela está presente em todos os momentos. Aquilo que é acumulativo, que se junta, é memória, e através da memória nunca podemos encontrar a Verdade, porque a memória pertence ao tempo – tempo sendo passado, presente e futuro. O tempo, que é continuidade, nunca pode encontrar aquilo que é eterno. A eternidade está no momento, no agora.. O agora não é reflexo do passado nem é a continuação do passado atravessando o presente e seguindo em direção ao futuro. (Isto não quer dizer que no eterno não há movimento, mas tão somente que cada momento é sempre novo, perfeito e bom, não é?)
A mente que deseja uma transformação no futuro, ou que olha para a transformação como algo definitivo, nunca poderá encontrar a Verdade, porque a Verdade que existe momento a momento tem de ser descoberta sem a presença do passado; não há nenhuma descoberta através da acumulação. Como podemos nós descobrir o novo se transportarmos o fardo do velho? Só através da inexistência deste fardo conseguimos descobrir o novo. Para descobrirmos o novo, o Eterno, no presente, momento a momento, precisamos de uma mente extraordinariamente vigilante, de uma mente que não esteja à procura de um resultado, de uma mente que não queira tornar-se outra coisa. Uma mente que deseja vir a ser diferente nunca poderá conhecer a grande bênção do contentamento; não o contentamento que vem de um resultado alcançado, mas o contentamento que chega quando a mente vê o que é verdade e o que é falso naquilo que é.
A transformação não é um fim, não é um resultado. Resultado implica resíduo, causa e efeito. Onde há uma causa, há obrigatoriamente um efeito. O efeito é o simples resultado do nosso desejo de querermos ser transformados. Quando desejamos ser transformados, estamos ainda a pensar em termos de «vir a ser» ( se até um desejo tão “louvável” como este é sem sentido, quanto mais os restantes!); aquilo que «há-de vir a ser» - o desejo - nunca poderá conhecer aquilo que é. (e, noutro lado, K. DIZ QUE UM DOS NOSSOS GRANDES PROBLEMAS É NÃO PORMOS A NOSSA FELICIDADE NO PENSAMENTO APENAS, MAS SIM EM VÁRIAS COISAS FORA DE NÓS, NO ESPAÇO OU NO TEMPO, por mais importantes que essas coisas possam parecer). A Verdade é a todo o momento, e a felicidade que tem continuidade (que se quer continuar?) não é felicidade. A verdadeira felicidade é um estado de ser (modo de vida?) intemporal. Esse estado intemporal só pode acontecer quando há um grande descontentamento – não o descontentamento que encontrou um canal através do qual se escapa, mas sim o descontentamento que não tem qualquer saída ou escape, que não mais busca realização. Só então, nesse estado de supremo descontentamento, poderá a Realidade mostrar-se. Essa Realidade não pode ser comprada, vendida ou repetida; ela não pode ser guardada nos livros. Tem de ser encontrada a todo o momento, num sorriso, numa lágrima, debaixo de uma folha morta, nos pensamentos errantes, na plenitude do Amor.
Onde existe Amor, há transformação. Sem Amor, a revolução não terá qualquer sentido e será meramente destruição, ruína e uma infelicidade cada vez maior. Onde há Amor, há revolução, porque o Amor é transformação de momento a momento.
A mente que deseja uma transformação no futuro, ou que olha para a transformação como algo definitivo, nunca poderá encontrar a Verdade, porque a Verdade que existe momento a momento tem de ser descoberta sem a presença do passado; não há nenhuma descoberta através da acumulação. Como podemos nós descobrir o novo se transportarmos o fardo do velho? Só através da inexistência deste fardo conseguimos descobrir o novo. Para descobrirmos o novo, o Eterno, no presente, momento a momento, precisamos de uma mente extraordinariamente vigilante, de uma mente que não esteja à procura de um resultado, de uma mente que não queira tornar-se outra coisa. Uma mente que deseja vir a ser diferente nunca poderá conhecer a grande bênção do contentamento; não o contentamento que vem de um resultado alcançado, mas o contentamento que chega quando a mente vê o que é verdade e o que é falso naquilo que é.
A transformação não é um fim, não é um resultado. Resultado implica resíduo, causa e efeito. Onde há uma causa, há obrigatoriamente um efeito. O efeito é o simples resultado do nosso desejo de querermos ser transformados. Quando desejamos ser transformados, estamos ainda a pensar em termos de «vir a ser» ( se até um desejo tão “louvável” como este é sem sentido, quanto mais os restantes!); aquilo que «há-de vir a ser» - o desejo - nunca poderá conhecer aquilo que é. (e, noutro lado, K. DIZ QUE UM DOS NOSSOS GRANDES PROBLEMAS É NÃO PORMOS A NOSSA FELICIDADE NO PENSAMENTO APENAS, MAS SIM EM VÁRIAS COISAS FORA DE NÓS, NO ESPAÇO OU NO TEMPO, por mais importantes que essas coisas possam parecer). A Verdade é a todo o momento, e a felicidade que tem continuidade (que se quer continuar?) não é felicidade. A verdadeira felicidade é um estado de ser (modo de vida?) intemporal. Esse estado intemporal só pode acontecer quando há um grande descontentamento – não o descontentamento que encontrou um canal através do qual se escapa, mas sim o descontentamento que não tem qualquer saída ou escape, que não mais busca realização. Só então, nesse estado de supremo descontentamento, poderá a Realidade mostrar-se. Essa Realidade não pode ser comprada, vendida ou repetida; ela não pode ser guardada nos livros. Tem de ser encontrada a todo o momento, num sorriso, numa lágrima, debaixo de uma folha morta, nos pensamentos errantes, na plenitude do Amor.
Onde existe Amor, há transformação. Sem Amor, a revolução não terá qualquer sentido e será meramente destruição, ruína e uma infelicidade cada vez maior. Onde há Amor, há revolução, porque o Amor é transformação de momento a momento."
Págs, 268 e 269 de: “O Sentido da Liberdade”, de J. Krishnamurti, da Editorial Presença, Lisboa, 2007
Friday, 9 April 2010
MEDITAÇÃO
“Estamos interessados na totalidade da vida, não apenas numa parte dela, dando atenção a tudo o que fazemos, ao que pensamos, ao que sentimos, a como procedemos. Estamos em relação com a totalidade da vida, portanto, não podemos tomar apenas um fragmento dela que é o pensamento, e através dele procurar resolver todos os nossos problemas. O pensamento pode atribuir a si próprio autoridade para juntar todos os outros fragmentos, mas é o pensamento que cria fragmentação.
Estamos condicionados para pensar em termos de progresso, de um aperfeiçoamento gradual. As pessoas acreditam na «evolução psicológica», mas será que o «eu» consegue realizar, psicologicamente, alguma outra coisa que não seja uma projeção do pensamento?
Para descobrir se há algo que não seja projectado pelo pensamento, que não seja uma ilusão, um mito, temos de investigar se o pensamento pode ser controlado, se pode ser reprimido, para que a mente esteja completamente serena.
Controle implica a existência de controlador e controlado, não é assim? Mas quem é o controlador? Não é ele também criado pelo pensamento, não é ele uma parte do pensamento que assume a autoridade como «controlador»? Se vemos a verdade disto, então o «controlador» é o controlado, o experienciador é o experienciado, o pensador é o pensamento. Não são entidades separadas. Se compreendemos isto, então não há qualquer necessidade de controlar. Se não há controlador porque o controlador é o controlado, então o que acontece? Quando há uma divisão entre o controlador e o controlado, há conflito, há um desperdício da energia.
Mas quando vemos que o controlador é o controlado não há dissipação de energia. Há então a acumulação de toda essa energia que é dissipada na repressão, na resistência produzida pela divisão em controlador e controlado. Quando não há divisão, tem-se toda a energia necessária para ultrapassar aquilo que se pensava que precisava de ser controlado.
É preciso compreender claramente que na meditação não há que controlar nem disciplinar o pensamento, porque aquele que disciplina, que controla o pensamento é um fragmento do próprio pensamento. Se vemos a verdade disso, então temos toda a energia que é dissipada através da comparação, do controle, da repressão, (imaginemos, somos capazes?, então a energia ao nosso dispor, para viagens não só interplanetárias como intergaláticas, para curas, para… com o fim de todas as comparações, controles, e repressões, não só das psicológicas!), para podermos ultrapassar a agitação causada pelo pensamento. (Que absurdo, não é, o desperdício de carradas e carradas, infinitas carradas de tanto pensamento e de tanta acção !! E, uma ignorância do tamanho do mundo! –: “Aquietemo-nos, sosseguemos, e, saibamos que Deus é Deus”!!!)
Assim, perguntamos se a mente pode estar em completa quietude, porque aquilo que está sereno tem grande energia, uma energia imensa.
Poderá a mente – que está sempre a tagarelar interiormente, sempre em movimento (e a fugir da verdadeira inteligência!); com o pensamento sempre a olhar para o que já passou, sempre a lembrar e a acumular conhecimentos, em constante alteração – ficar completamente serena (inteligente)? Já teremos tentado alguma vez descobrir se o pensamento pode ficar quieto? Como é que vamos descobrir como dar origem a esta quietação (infinitamente poderosa) do pensamento? Porque pensamento é tempo (e espaço) e tempo (e espaço) é (são) movimento, é (são) medida, o que significa compararar.
… Podemos deixar completamente de comparar… na vida diária (a cada momento)?... Quando essa comparação cessa, como é preciso que cesse, seremos então capazes inteiramente sós, sem sermos influenciados, e termos completa lucidez? É isso o que acontece quando não nos comparamos com outros – o que não significa que fiquemos a «vegetar»… Portanto, seremos nós capazes, no dia-a-dia, (momento a momento, segundo a segundo…) de viver sem nos COMPARARMOS com alguém (ninguém)? Façamos isso uma (duas, três, quatro…) vezes e descobriremos o que isso traz consigo: libertamo-nos então de um fardo tremendo; e quando nos libertamos de um fardo (completamente) desnecessário, temos uma (incrível) ENERGIA!!!!
In: Pág. 20 a 22 de: “MEDITAÇÃO a luz dento de nós”, de J. Krishnamurti, da Dinalivro, Lisboa - 2004
“Estamos interessados na totalidade da vida, não apenas numa parte dela, dando atenção a tudo o que fazemos, ao que pensamos, ao que sentimos, a como procedemos. Estamos em relação com a totalidade da vida, portanto, não podemos tomar apenas um fragmento dela que é o pensamento, e através dele procurar resolver todos os nossos problemas. O pensamento pode atribuir a si próprio autoridade para juntar todos os outros fragmentos, mas é o pensamento que cria fragmentação.
Estamos condicionados para pensar em termos de progresso, de um aperfeiçoamento gradual. As pessoas acreditam na «evolução psicológica», mas será que o «eu» consegue realizar, psicologicamente, alguma outra coisa que não seja uma projeção do pensamento?
Para descobrir se há algo que não seja projectado pelo pensamento, que não seja uma ilusão, um mito, temos de investigar se o pensamento pode ser controlado, se pode ser reprimido, para que a mente esteja completamente serena.
Controle implica a existência de controlador e controlado, não é assim? Mas quem é o controlador? Não é ele também criado pelo pensamento, não é ele uma parte do pensamento que assume a autoridade como «controlador»? Se vemos a verdade disto, então o «controlador» é o controlado, o experienciador é o experienciado, o pensador é o pensamento. Não são entidades separadas. Se compreendemos isto, então não há qualquer necessidade de controlar. Se não há controlador porque o controlador é o controlado, então o que acontece? Quando há uma divisão entre o controlador e o controlado, há conflito, há um desperdício da energia.
Mas quando vemos que o controlador é o controlado não há dissipação de energia. Há então a acumulação de toda essa energia que é dissipada na repressão, na resistência produzida pela divisão em controlador e controlado. Quando não há divisão, tem-se toda a energia necessária para ultrapassar aquilo que se pensava que precisava de ser controlado.
É preciso compreender claramente que na meditação não há que controlar nem disciplinar o pensamento, porque aquele que disciplina, que controla o pensamento é um fragmento do próprio pensamento. Se vemos a verdade disso, então temos toda a energia que é dissipada através da comparação, do controle, da repressão, (imaginemos, somos capazes?, então a energia ao nosso dispor, para viagens não só interplanetárias como intergaláticas, para curas, para… com o fim de todas as comparações, controles, e repressões, não só das psicológicas!), para podermos ultrapassar a agitação causada pelo pensamento. (Que absurdo, não é, o desperdício de carradas e carradas, infinitas carradas de tanto pensamento e de tanta acção !! E, uma ignorância do tamanho do mundo! –: “Aquietemo-nos, sosseguemos, e, saibamos que Deus é Deus”!!!)
Assim, perguntamos se a mente pode estar em completa quietude, porque aquilo que está sereno tem grande energia, uma energia imensa.
Poderá a mente – que está sempre a tagarelar interiormente, sempre em movimento (e a fugir da verdadeira inteligência!); com o pensamento sempre a olhar para o que já passou, sempre a lembrar e a acumular conhecimentos, em constante alteração – ficar completamente serena (inteligente)? Já teremos tentado alguma vez descobrir se o pensamento pode ficar quieto? Como é que vamos descobrir como dar origem a esta quietação (infinitamente poderosa) do pensamento? Porque pensamento é tempo (e espaço) e tempo (e espaço) é (são) movimento, é (são) medida, o que significa compararar.
… Podemos deixar completamente de comparar… na vida diária (a cada momento)?... Quando essa comparação cessa, como é preciso que cesse, seremos então capazes inteiramente sós, sem sermos influenciados, e termos completa lucidez? É isso o que acontece quando não nos comparamos com outros – o que não significa que fiquemos a «vegetar»… Portanto, seremos nós capazes, no dia-a-dia, (momento a momento, segundo a segundo…) de viver sem nos COMPARARMOS com alguém (ninguém)? Façamos isso uma (duas, três, quatro…) vezes e descobriremos o que isso traz consigo: libertamo-nos então de um fardo tremendo; e quando nos libertamos de um fardo (completamente) desnecessário, temos uma (incrível) ENERGIA!!!!
In: Pág. 20 a 22 de: “MEDITAÇÃO a luz dento de nós”, de J. Krishnamurti, da Dinalivro, Lisboa - 2004
Thursday, 8 April 2010
MEDITAÇÃO, por Krishnamurti
“Numa tentativa de se evadir dos seus conflitos, o homem tem inventado diversas formas de meditação, porém todas elas se baseiam quer em desejo, na vontade ou na ânsia para obter algo, o que implica conflito e o emprego do esforço a fim de alcançar determinados resultados. Esta luta consciente e deliberada sempre se circunscreve nos limites de uma mente condicionada, que não possui liberdade. Todo o esforço empregue na meditação constitui a sua própria negação. A meditação consiste no término da ação do pensamento; só então pode chegar a existir toda uma dimensão intemporal.”
Tradução de A Duarte 2002
MEDITAÇÃO
Toda a meditação que envolve esforço deixa de ser meditação. Não se trata de nenhum acto de realização nem algo que deva ser praticado diariamente (mas sim a todo o momento) de acordo com um sistema ou método qualquer, para obtermos um fim almejado. Ao contrário, toda a imaginação e medida devem cessar. A meditação não é um fim em si mesma.
No entanto, aquele que medita deve deixar de existir (sem atentar contra a vida) para que a meditação possa ocorrer.
A meditação não é uma experiência nem lembrança erguida em torno de um dado prazer futuro. Aquele que experimenta move-se sempre dentro dos limites das suas próprias projecções de tempo e pensamento. Uma vez inserida nos limites do pensamento, a liberdade não passará de uma ideia e uma fórmula. O pensador jamais poderá alcançar o movimento da meditação.
A meditação diz sempre respeito ao presente enquanto que o pensamento pertence sempre ao passado. Toda a consciência é pensamento, porém, o estado de meditação não ocorre dentro das suas fronteiras. A meditação consciente é somente o ato de redefinir ainda mais esses limites, destruindo assim a liberdade.
Mas somente em liberdade poderá haver meditação.
Se não meditardes sereis sempre um escravo do tempo, cuja sombra é a dor. O tempo é sofrimento.
A meditação não é via para experiências únicas nem excepcionais. Essas experiências conduzem ao isolamento e aos processos autoencarceradores da memória, e estão sujeitos ao tempo, o que constitui a negação da liberdade.
O vale mais parecia um campo de flores… Lá estavam tão ricas e tão belas quanto o próprio vale; todavia, tanto a abundância da natureza como o homem estão destinados a morrer e a surgir de novo.
A abundância da meditação não é reunida pelo pensamento nem pelo prazer que o pensamento gera, mas acha-se para além da flor e da nuvem. A partir disso a abundância torna-se tão imensurável quanto a flor e a beleza…
Sem amor não pode existir silêncio. Para o poderdes compreender permanecei imóveis.
A mente meditativa é aquela que se encontra em silêncio. Não se trata do silêncio de um entardecer calmo, mas o silêncio que sobrevém quando o pensamento com todas as suas imagens, palavras e percepções cessa completamente Essa mente meditativa é a mente religiosa (que religa), a mente da religião que não é tocada pela igreja, pelos templos nem pelos cantos. A mente RELEGIOSA é a explosão (profusão) do amor; esse amor não comporta qualquer separação. Para essa mente, longe é perto…
”
Fonte: http://www.esnips.com/doc/1088413e-9239-4fe1-973d-0d00b4047884/Krishnamurti---A-Arte-da-Medita%C3%A7%C3%A3o
“Numa tentativa de se evadir dos seus conflitos, o homem tem inventado diversas formas de meditação, porém todas elas se baseiam quer em desejo, na vontade ou na ânsia para obter algo, o que implica conflito e o emprego do esforço a fim de alcançar determinados resultados. Esta luta consciente e deliberada sempre se circunscreve nos limites de uma mente condicionada, que não possui liberdade. Todo o esforço empregue na meditação constitui a sua própria negação. A meditação consiste no término da ação do pensamento; só então pode chegar a existir toda uma dimensão intemporal.”
Tradução de A Duarte 2002
MEDITAÇÃO
Toda a meditação que envolve esforço deixa de ser meditação. Não se trata de nenhum acto de realização nem algo que deva ser praticado diariamente (mas sim a todo o momento) de acordo com um sistema ou método qualquer, para obtermos um fim almejado. Ao contrário, toda a imaginação e medida devem cessar. A meditação não é um fim em si mesma.
No entanto, aquele que medita deve deixar de existir (sem atentar contra a vida) para que a meditação possa ocorrer.
A meditação não é uma experiência nem lembrança erguida em torno de um dado prazer futuro. Aquele que experimenta move-se sempre dentro dos limites das suas próprias projecções de tempo e pensamento. Uma vez inserida nos limites do pensamento, a liberdade não passará de uma ideia e uma fórmula. O pensador jamais poderá alcançar o movimento da meditação.
A meditação diz sempre respeito ao presente enquanto que o pensamento pertence sempre ao passado. Toda a consciência é pensamento, porém, o estado de meditação não ocorre dentro das suas fronteiras. A meditação consciente é somente o ato de redefinir ainda mais esses limites, destruindo assim a liberdade.
Mas somente em liberdade poderá haver meditação.
Se não meditardes sereis sempre um escravo do tempo, cuja sombra é a dor. O tempo é sofrimento.
A meditação não é via para experiências únicas nem excepcionais. Essas experiências conduzem ao isolamento e aos processos autoencarceradores da memória, e estão sujeitos ao tempo, o que constitui a negação da liberdade.
O vale mais parecia um campo de flores… Lá estavam tão ricas e tão belas quanto o próprio vale; todavia, tanto a abundância da natureza como o homem estão destinados a morrer e a surgir de novo.
A abundância da meditação não é reunida pelo pensamento nem pelo prazer que o pensamento gera, mas acha-se para além da flor e da nuvem. A partir disso a abundância torna-se tão imensurável quanto a flor e a beleza…
Sem amor não pode existir silêncio. Para o poderdes compreender permanecei imóveis.
A mente meditativa é aquela que se encontra em silêncio. Não se trata do silêncio de um entardecer calmo, mas o silêncio que sobrevém quando o pensamento com todas as suas imagens, palavras e percepções cessa completamente Essa mente meditativa é a mente religiosa (que religa), a mente da religião que não é tocada pela igreja, pelos templos nem pelos cantos. A mente RELEGIOSA é a explosão (profusão) do amor; esse amor não comporta qualquer separação. Para essa mente, longe é perto…
”
Fonte: http://www.esnips.com/doc/1088413e-9239-4fe1-973d-0d00b4047884/Krishnamurti---A-Arte-da-Medita%C3%A7%C3%A3o
POR NÓS MESMOS…
“… A segurança exterior é, obviamente, necessária. Exteriormente, é absolutamente necessário ter um abrigo, um lar, um emprego; mas não nos contentamos com isso. Queremos estar seguros psicologicamente, interiormente; e aí começa a inquietação. Nunca investigamos se há realmente segurança interior, mas dizemos que temos de estar em segurança interiormente, e assim surge a ilusão. A partir desse momento começa toda uma série de conflitos intermináveis.
Temos pois de descobrir, por nós mesmos, a verdade relativamente a este enorme problema, sem dependermos do que outra pessoa diz. Psicologicamente estamos inseguros; por isso criamos deuses e esses deuses tornam-se a nossa «segurança permanente». E isso gera conflitos. Compreendem o que entendemos por conflitos? Queremos referir-nos à contradição, à ação fragmentária, aos pensamentos incoerentes, aos desejos que se opõem entre si, às exigências contraditórias – as pressões do mundo e a exigência interior de viver em paz com o mundo; a necessidade de encontrar algo, além da existência diária, monótona e sem sentido, e o estar-se enredado nessa existência, e desesperado, sem nunca se encontrar solução para esse desespero e para o imenso sofrimento – um sofrimento não apenas pessoal, mas também o sofrimento do mundo. E nunca encontrarmos uma saída para este sofrimento. Tudo isso cria contradição, da qual podemos ou não estar conscientes. E quando a mente está em contradição tem de haver conflito.
E, como é óbvio, a mente que está em conflito não pode avançar; pode prosseguir na ilusão, mas não pode avançar para descobrir se há algo além do tempo, além da medida do homem. Esta é, certamente, a função da (verdadeira) religião (religar). A função da mente religiosa é descobrir o verdadeiro. E a verdade não pode encontrar-se num templo, num livro, por mais antigo que seja. Temos de descobri-la por nós mesmos. Não podemos comprá-la com lágrimas, com orações, com repetições, com rituais – esse caminho leva ao absurdo, à ilusão, ao desequilíbrio psicológico.
Assim, a mente séria tem de estar consciente desse conflito. Com «estar consciente» quero dizer observar, escutar. Escutar, ouvir atentamente é uma arte. Na verdade, escutar um som é uma arte extraordinária. Não sei se já escutaram realmente um som – o som de um pássaro pousado numa árvore, ou o distante buzinar de um carro. Ao escutarem, sem julgar, sem identificar esse ruído com uma determinava ave ou um determinado carro, ou um determinado rádio na casa ao lado, mas ao escutarem apenas, verão – se assim escutarem - como se tornam extraordinariamente sensíveis. A mente torna-se extraordinariamente desperta quando escutamos, simplesmente – sem interpretar o que ouvimos, sem tentar traduzi-lo, sem o identificar com o que já conhecemos – pois tudo isso nos impede de escutar. Se simplesmente escutarmos os nossos pensamentos, as nossas exigências, o desespero em que estamos – sem tentar interpretar, sem traduzir nada, sem tentar fazer alguma coisa em relação a isso – então veremos que a nossa mente se torna espantosamente lúcida.
E só a mente extraordinariamente lúcida, a mente sã – equilibrada, racional, lógica e sem nenhum conflito, consciente ou inconsciente – só essa mente pode ir mais adiante e descobrir, por si própria, se há uma Realidade. Só essa mente é religiosa. E só essa mente é capaz de resolver os problemas deste mundo.
Os problemas do mundo são inumeráveis e estão a multiplicar-se. E se não formos capazes de os resolver logicamente, com equilíbrio, saudavelmente, com a mente livre de todo o conflito, estaremos apenas a criar mais confusão, mais infelicidade para o mundo e para nós mesmos.
Assim, a primeira coisa que cada um tem de aprender, por si, é observar com atenção, escutando todos os murmúrios, todos os medos, ilusões, desesperos, do seu próprio ser. E veremos, então, por nós mesmos – e isso não precisa de provas, nem de «gurus» (nem de papas, nem de pastores, nem de teólogos, nem de padres, nem de filósofos, nem de engenheiros…), nem de livros sagrados (ou profanos) – se há uma Realidade. E nisso há clareza, beleza e aquilo que hoje falta à mente humana – a afeição, o amor.”
In: págs. 30 a 33 de: “O Despertar da Sensibilidade”, de Krishnamurti, da Editorial Estampa, Lisboa, 1992
“… A segurança exterior é, obviamente, necessária. Exteriormente, é absolutamente necessário ter um abrigo, um lar, um emprego; mas não nos contentamos com isso. Queremos estar seguros psicologicamente, interiormente; e aí começa a inquietação. Nunca investigamos se há realmente segurança interior, mas dizemos que temos de estar em segurança interiormente, e assim surge a ilusão. A partir desse momento começa toda uma série de conflitos intermináveis.
Temos pois de descobrir, por nós mesmos, a verdade relativamente a este enorme problema, sem dependermos do que outra pessoa diz. Psicologicamente estamos inseguros; por isso criamos deuses e esses deuses tornam-se a nossa «segurança permanente». E isso gera conflitos. Compreendem o que entendemos por conflitos? Queremos referir-nos à contradição, à ação fragmentária, aos pensamentos incoerentes, aos desejos que se opõem entre si, às exigências contraditórias – as pressões do mundo e a exigência interior de viver em paz com o mundo; a necessidade de encontrar algo, além da existência diária, monótona e sem sentido, e o estar-se enredado nessa existência, e desesperado, sem nunca se encontrar solução para esse desespero e para o imenso sofrimento – um sofrimento não apenas pessoal, mas também o sofrimento do mundo. E nunca encontrarmos uma saída para este sofrimento. Tudo isso cria contradição, da qual podemos ou não estar conscientes. E quando a mente está em contradição tem de haver conflito.
E, como é óbvio, a mente que está em conflito não pode avançar; pode prosseguir na ilusão, mas não pode avançar para descobrir se há algo além do tempo, além da medida do homem. Esta é, certamente, a função da (verdadeira) religião (religar). A função da mente religiosa é descobrir o verdadeiro. E a verdade não pode encontrar-se num templo, num livro, por mais antigo que seja. Temos de descobri-la por nós mesmos. Não podemos comprá-la com lágrimas, com orações, com repetições, com rituais – esse caminho leva ao absurdo, à ilusão, ao desequilíbrio psicológico.
Assim, a mente séria tem de estar consciente desse conflito. Com «estar consciente» quero dizer observar, escutar. Escutar, ouvir atentamente é uma arte. Na verdade, escutar um som é uma arte extraordinária. Não sei se já escutaram realmente um som – o som de um pássaro pousado numa árvore, ou o distante buzinar de um carro. Ao escutarem, sem julgar, sem identificar esse ruído com uma determinava ave ou um determinado carro, ou um determinado rádio na casa ao lado, mas ao escutarem apenas, verão – se assim escutarem - como se tornam extraordinariamente sensíveis. A mente torna-se extraordinariamente desperta quando escutamos, simplesmente – sem interpretar o que ouvimos, sem tentar traduzi-lo, sem o identificar com o que já conhecemos – pois tudo isso nos impede de escutar. Se simplesmente escutarmos os nossos pensamentos, as nossas exigências, o desespero em que estamos – sem tentar interpretar, sem traduzir nada, sem tentar fazer alguma coisa em relação a isso – então veremos que a nossa mente se torna espantosamente lúcida.
E só a mente extraordinariamente lúcida, a mente sã – equilibrada, racional, lógica e sem nenhum conflito, consciente ou inconsciente – só essa mente pode ir mais adiante e descobrir, por si própria, se há uma Realidade. Só essa mente é religiosa. E só essa mente é capaz de resolver os problemas deste mundo.
Os problemas do mundo são inumeráveis e estão a multiplicar-se. E se não formos capazes de os resolver logicamente, com equilíbrio, saudavelmente, com a mente livre de todo o conflito, estaremos apenas a criar mais confusão, mais infelicidade para o mundo e para nós mesmos.
Assim, a primeira coisa que cada um tem de aprender, por si, é observar com atenção, escutando todos os murmúrios, todos os medos, ilusões, desesperos, do seu próprio ser. E veremos, então, por nós mesmos – e isso não precisa de provas, nem de «gurus» (nem de papas, nem de pastores, nem de teólogos, nem de padres, nem de filósofos, nem de engenheiros…), nem de livros sagrados (ou profanos) – se há uma Realidade. E nisso há clareza, beleza e aquilo que hoje falta à mente humana – a afeição, o amor.”
In: págs. 30 a 33 de: “O Despertar da Sensibilidade”, de Krishnamurti, da Editorial Estampa, Lisboa, 1992
Wednesday, 7 April 2010
E, não há absolutamente nenhum ser, por mais ínfimo ou inútil ou desprezado ou mau ou bom ou feio ou belo ou rico ou pobre... Com quem não possamos estabelecer uma relação de entreajuda...
MEDITAÇÃO, por Krishnamurti
“Numa tentativa de se evadir dos seus conflitos, o homem tem inventado diversas formas de meditação, porém todas elas se baseiam quer em desejo, na vontade ou na ânsia para obter algo, o que implica conflito e o emprego do esforço a fim de alcançar determinados resultados. Esta luta consciente e deliberada sempre se circunscreve nos limites de uma mente condicionada, que não possui liberdade. Todo o esforço empregue na meditação constitui a sua própria negação. A meditação consiste no término da ação do pensamento; só então pode chegar a existir toda uma dimensão intemporal.
No entanto, aquele que medita deve deixar de existir (sem atentar contra a vida) para que a meditação possa ocorrer.
A meditação não é uma experiência nem lembrança erguida em torno de um dado prazer futuro. Aquele que experimenta move-se sempre dentro dos limites das suas próprias projecções de tempo e pensamento. Uma vez inserida nos limites do pensamento, a liberdade não passará de uma ideia e uma fórmula. O pensador jamais poderá alcançar o movimento da meditação.
A meditação diz sempre respeito ao presente enquanto que o pensamento pertence sempre ao passado. Toda a consciência é pensamento, porém, o estado de meditação não ocorre dentro das suas fronteiras. A meditação consciente é somente o ato de redefinir ainda mais esses limites, destruindo assim a liberdade.”
Tradução de A Duarte 2002
MEDITAÇÃO
Toda a meditação que envolve esforço deixa de ser meditação. Não se trata de nenhum acto de realização nem algo que deva ser praticado diariamente (mas sim a todo o momento) de acordo com um sistema ou método qualquer, para obtermos um fim almejado. Ao contrário, toda a imaginação e medida devem cessar. A meditação não é um fim em si mesma.”
Fonte:www.scribd.com/doc/.../Krishnamurti-A-Arte-Da-Meditacao
Aquela "minha" dor afinal parece cessar com um pouco de açúcar e água.
E, quem não deve não teme, como pode Ele(a) temer? E... Porquê parece? Porque, pode ser mais psicológico do que fisiológico, não é? Como em:
"Placebo (do latim placere, significando "agradarei") é como se denomina um fármaco ou procedimento inerte, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está a ser tratado.
Muitos médicos também podem atribuir efeito placebo a medicamentos com princípios activos, mas que apresentam efeitos terapêuticos diferentes do esperado. Por exemplo, um comprimido de vitamina C pode aliviar a dor de cabeça de quem acredite estar ingerindo um analgésico, sendo um exemplo clássico de que o que cura é não apenas o conteúdo do que inferimos mas também a forma. Seguindo esta corrente de pensamento, o dicionário médico Hooper cita o placebo como "o nome dado a qualquer medicamento administrado mais para agradar do que beneficiar o paciente".
O placebo pode ser eficaz porque pode reduzir a ansiedade do paciente, revertendo assim uma série de respostas orgânicas que dificultam a cura espontânea:
Aumento da frequência cardíaca e respiratória
Produção e liberação de adrenalina na circulação sanguínea
Contracção dos vasos sanguíneos
Essas respostas orgânicas são vantajosas para reacções de fugir ou lutar contra agressores externos. Mas também prejudicam a cicatrização e o fluxo de leucócitos, e são, portanto, prejudiciais para o processo de cura, sendo aqui o efeito placebo bastante útil.
O efeito placebo pode ainda ser usado para testar a validade de medicamentos ou técnicas verdadeiras. Consiste, por exemplo, no uso de cápsulas desprovidas de substâncias terapêuticas ou contendo produtos conhecidamente inertes e inócuos, que são administrados a grupos de cobaias humanas ou animais para comparar o efeito da sugestão no tratamento de doenças, evitando-se atribuir possíveis resultados terapêuticos a tratamentos sem valor. Na comparação com placebo estabelece-se a validade de um medicamento ao compará-lo com os processos de cura espontânea ou por sugestão. O princípio subjacente é o de que num ensaio com placebo, parte do sucesso da substância activa é devido não a esta mas sim ao efeito placebo da mesma."
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Placebo
MEDITAÇÃO, por Krishnamurti
“Numa tentativa de se evadir dos seus conflitos, o homem tem inventado diversas formas de meditação, porém todas elas se baseiam quer em desejo, na vontade ou na ânsia para obter algo, o que implica conflito e o emprego do esforço a fim de alcançar determinados resultados. Esta luta consciente e deliberada sempre se circunscreve nos limites de uma mente condicionada, que não possui liberdade. Todo o esforço empregue na meditação constitui a sua própria negação. A meditação consiste no término da ação do pensamento; só então pode chegar a existir toda uma dimensão intemporal.
No entanto, aquele que medita deve deixar de existir (sem atentar contra a vida) para que a meditação possa ocorrer.
A meditação não é uma experiência nem lembrança erguida em torno de um dado prazer futuro. Aquele que experimenta move-se sempre dentro dos limites das suas próprias projecções de tempo e pensamento. Uma vez inserida nos limites do pensamento, a liberdade não passará de uma ideia e uma fórmula. O pensador jamais poderá alcançar o movimento da meditação.
A meditação diz sempre respeito ao presente enquanto que o pensamento pertence sempre ao passado. Toda a consciência é pensamento, porém, o estado de meditação não ocorre dentro das suas fronteiras. A meditação consciente é somente o ato de redefinir ainda mais esses limites, destruindo assim a liberdade.”
Tradução de A Duarte 2002
MEDITAÇÃO
Toda a meditação que envolve esforço deixa de ser meditação. Não se trata de nenhum acto de realização nem algo que deva ser praticado diariamente (mas sim a todo o momento) de acordo com um sistema ou método qualquer, para obtermos um fim almejado. Ao contrário, toda a imaginação e medida devem cessar. A meditação não é um fim em si mesma.”
Fonte:www.scribd.com/doc/.../Krishnamurti-A-Arte-Da-Meditacao
Aquela "minha" dor afinal parece cessar com um pouco de açúcar e água.
E, quem não deve não teme, como pode Ele(a) temer? E... Porquê parece? Porque, pode ser mais psicológico do que fisiológico, não é? Como em:
"Placebo (do latim placere, significando "agradarei") é como se denomina um fármaco ou procedimento inerte, e que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos fisiológicos da crença do paciente de que está a ser tratado.
Muitos médicos também podem atribuir efeito placebo a medicamentos com princípios activos, mas que apresentam efeitos terapêuticos diferentes do esperado. Por exemplo, um comprimido de vitamina C pode aliviar a dor de cabeça de quem acredite estar ingerindo um analgésico, sendo um exemplo clássico de que o que cura é não apenas o conteúdo do que inferimos mas também a forma. Seguindo esta corrente de pensamento, o dicionário médico Hooper cita o placebo como "o nome dado a qualquer medicamento administrado mais para agradar do que beneficiar o paciente".
O placebo pode ser eficaz porque pode reduzir a ansiedade do paciente, revertendo assim uma série de respostas orgânicas que dificultam a cura espontânea:
Aumento da frequência cardíaca e respiratória
Produção e liberação de adrenalina na circulação sanguínea
Contracção dos vasos sanguíneos
Essas respostas orgânicas são vantajosas para reacções de fugir ou lutar contra agressores externos. Mas também prejudicam a cicatrização e o fluxo de leucócitos, e são, portanto, prejudiciais para o processo de cura, sendo aqui o efeito placebo bastante útil.
O efeito placebo pode ainda ser usado para testar a validade de medicamentos ou técnicas verdadeiras. Consiste, por exemplo, no uso de cápsulas desprovidas de substâncias terapêuticas ou contendo produtos conhecidamente inertes e inócuos, que são administrados a grupos de cobaias humanas ou animais para comparar o efeito da sugestão no tratamento de doenças, evitando-se atribuir possíveis resultados terapêuticos a tratamentos sem valor. Na comparação com placebo estabelece-se a validade de um medicamento ao compará-lo com os processos de cura espontânea ou por sugestão. O princípio subjacente é o de que num ensaio com placebo, parte do sucesso da substância activa é devido não a esta mas sim ao efeito placebo da mesma."
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Placebo
AUTOCONHECIMENTO e REVOLUÇÃO nas(das) CONSCIÊNCIAS
“… Por não sermos realmente sérios, somos muito superficiais, fáceis de distrair e de satisfazer. Mas, para pesquisar profundamente em nós mesmos, temos de ser extremamente sérios e continuar nessa seriedade. E isso requer energia, não se pode ser sério se não se tem energia. Essa energia não pode ser esporádica, acidental, mas uma energia constante, capaz de observar um facto tal como é, e de seguir esse fato até ao fim – uma energia espantosa, tanto da mente como do corpo.
E para se ter energia, não deve haver conflito, porque o conflito é o principal factor de deterioração. Somos pessoas que foram criadas para viver com o conflito (isto é, em conflito). Toda a nossa vida é conflito – dentro e fora de nós – com o próximo, com nós mesmos e nas nossas relações. Tudo o que tocamos, tanto psicológica como ideologicamente, gera conflito. E o conflito é o mais importante fator de deterioração.
Compreender este conflito, não parcial mas totalmente é, parece-me, a tarefa prioritária (uma das tarefas prioritárias) da mente humana. Porque só quando o conflito cessa completamente, é que termina toda a ilusão, só então a mente pode penetrar muito profundamente na investigação da Verdade, no investigar se existe algo além do tempo. E só essa mente é capaz de descobrir o que é o amor (Amor), e de descobrir aquele estado da mente que é verdadeiramente criador – porque de outra forma só há especulação. A mente (verdadeiramente) religiosa (de religar) não especula, move-se apenas de fato para facto. E o fato não pode ser observado se há conflito ou tensão (não existe uma tensão boa?) de qualquer espécie.
… E a vida realmente religiosa (plenamente integrada) é aquela que vivemos com a compreensão do conflito, e portanto libertos do conflito.
… Na realidade interior e exterior não estão separados. O mundo não está separado de vós e de mim; nós somos o mundo e o mundo é nós. Não se trata de uma teoria; se observarmos bem, veremos que é um facto real. (Para Krishnamurti os fatos são quase tudo, as opiniões quase nada. Isto não é um FAcTO)?
… O conflito surge, certamente, quando há contradição – contradição de diversos desejos, de exigências várias, tanto conscientes como inconscientes. Geralmente apercebemo-nos desses conflitos. Mas se nos apercebemos não temos resposta para eles; assim fugimos deles, evadimo-nos para a religião, para o trabalho social, para várias formas de entretenimento, como ir ao templo (catedral ?), ir ao cinema ou beber. Mas só é possível resolver estes conflitos quando a mente é capaz de se COMPREENDER A SI MESMA.
… Para compreender o conflito temos de nos observar a nós mesmos. E A OBSERVAÇÃO REQUER atenção cuidadosa. ESSA ATENÇÃO significa COMPREENSÃO, AFEIÇÃO (afeição): como quando se gosta e se cuida de uma criança – não há rejeição, não há condenação. Cuidar afectuosamente de uma criança (Não faz sentido bater numa criança, por ser criança) é observar a criança, sem a condenar, sem a comparar. É observá-la com infinita afeição, com imensa compreensão; é estudá-la em todas as suas atividades, em todas as suas diferentes fases, nas suas travessuras, nas suas lágrimas, nos seus risos.
Observar exige pois atenção compreensiva. Assim, esta atenção é a primeira coisa que precisamos de ter na completa observação de nós mesmos, e portanto NEM POR UM MOMENTO DEVE HAVER CONDENAÇÃO, JUSTIFICAÇÃO OU COMPARAÇÃO, mas só a AUTO-OBSERVAÇÃO pura e simples do que está a ter lugar em cada momento… Temos de observar-nos tão completamente, com tão infinito cuidado, que desse cuidado nasça a PRECISÃO, UMA PRECISÃO TOTAL – e não ideias vagas e acção ineficaz.”
In: págs. 23 a 26 de: “O Despertar da Sensibilidade”, de Krishnamurti, da Editorial Estampa, Lisboa, 1992
“… Por não sermos realmente sérios, somos muito superficiais, fáceis de distrair e de satisfazer. Mas, para pesquisar profundamente em nós mesmos, temos de ser extremamente sérios e continuar nessa seriedade. E isso requer energia, não se pode ser sério se não se tem energia. Essa energia não pode ser esporádica, acidental, mas uma energia constante, capaz de observar um facto tal como é, e de seguir esse fato até ao fim – uma energia espantosa, tanto da mente como do corpo.
E para se ter energia, não deve haver conflito, porque o conflito é o principal factor de deterioração. Somos pessoas que foram criadas para viver com o conflito (isto é, em conflito). Toda a nossa vida é conflito – dentro e fora de nós – com o próximo, com nós mesmos e nas nossas relações. Tudo o que tocamos, tanto psicológica como ideologicamente, gera conflito. E o conflito é o mais importante fator de deterioração.
Compreender este conflito, não parcial mas totalmente é, parece-me, a tarefa prioritária (uma das tarefas prioritárias) da mente humana. Porque só quando o conflito cessa completamente, é que termina toda a ilusão, só então a mente pode penetrar muito profundamente na investigação da Verdade, no investigar se existe algo além do tempo. E só essa mente é capaz de descobrir o que é o amor (Amor), e de descobrir aquele estado da mente que é verdadeiramente criador – porque de outra forma só há especulação. A mente (verdadeiramente) religiosa (de religar) não especula, move-se apenas de fato para facto. E o fato não pode ser observado se há conflito ou tensão (não existe uma tensão boa?) de qualquer espécie.
… E a vida realmente religiosa (plenamente integrada) é aquela que vivemos com a compreensão do conflito, e portanto libertos do conflito.
… Na realidade interior e exterior não estão separados. O mundo não está separado de vós e de mim; nós somos o mundo e o mundo é nós. Não se trata de uma teoria; se observarmos bem, veremos que é um facto real. (Para Krishnamurti os fatos são quase tudo, as opiniões quase nada. Isto não é um FAcTO)?
… O conflito surge, certamente, quando há contradição – contradição de diversos desejos, de exigências várias, tanto conscientes como inconscientes. Geralmente apercebemo-nos desses conflitos. Mas se nos apercebemos não temos resposta para eles; assim fugimos deles, evadimo-nos para a religião, para o trabalho social, para várias formas de entretenimento, como ir ao templo (catedral ?), ir ao cinema ou beber. Mas só é possível resolver estes conflitos quando a mente é capaz de se COMPREENDER A SI MESMA.
… Para compreender o conflito temos de nos observar a nós mesmos. E A OBSERVAÇÃO REQUER atenção cuidadosa. ESSA ATENÇÃO significa COMPREENSÃO, AFEIÇÃO (afeição): como quando se gosta e se cuida de uma criança – não há rejeição, não há condenação. Cuidar afectuosamente de uma criança (Não faz sentido bater numa criança, por ser criança) é observar a criança, sem a condenar, sem a comparar. É observá-la com infinita afeição, com imensa compreensão; é estudá-la em todas as suas atividades, em todas as suas diferentes fases, nas suas travessuras, nas suas lágrimas, nos seus risos.
Observar exige pois atenção compreensiva. Assim, esta atenção é a primeira coisa que precisamos de ter na completa observação de nós mesmos, e portanto NEM POR UM MOMENTO DEVE HAVER CONDENAÇÃO, JUSTIFICAÇÃO OU COMPARAÇÃO, mas só a AUTO-OBSERVAÇÃO pura e simples do que está a ter lugar em cada momento… Temos de observar-nos tão completamente, com tão infinito cuidado, que desse cuidado nasça a PRECISÃO, UMA PRECISÃO TOTAL – e não ideias vagas e acção ineficaz.”
In: págs. 23 a 26 de: “O Despertar da Sensibilidade”, de Krishnamurti, da Editorial Estampa, Lisboa, 1992
Tuesday, 6 April 2010
De acordo com a verdade absoluta… sem ilusão alguma.
“Como proceder para descobrir se existe ou não a verdade absoluta, que é completa, que não muda jamais por conta das opiniões pessoais (verdades relativas)? (E para viver de acordo com ela?)… estamos questionando algo que requer… uma fuga (pela compreensão) do que é falso.
Se a pessoa tem uma ilusão, uma fantasia, uma imagem, um conceito romântico da verdade ou do amor, então essa é a barreira que a impede de seguir em frente…. O que é a ilusão? Como surge? Qual a sua raiz? Não significará isso…algo que não é verdadeiro?
O verdadeiro é o que está acontecendo., seja aquilo que se pode chamar de bom, de mau ou de indiferente… Quando a pessoa é incapaz de encarar o que se está passando nela mesma (à sua volta é a consequência…), ela cria ilusões para escapar disso. Se a pessoa não quer ou tem medo de enfrentar o que está acontecendo (pedindo ajuda, por exemplo, se for caso disso) essa mesma fuga cria a ilusão, a fantasia, o movimento romântico, longe do que existe (o real). A palavra ilusão implica mover-se para longe do que existe (do real, com as devidas consequências).
A pessoa pode evitar esse movimento, essa fuga do que é verdadeiro? O que é o verdadeiro? O verdadeiro é o que está acontecendo, inclusive as respostas, as ideias, as crenças e opiniões que a pessoa tem. Encará-las é não criar ilusão.
As ilusões só podem acontecer quando existe um movimento que nos afasta do fato, daquilo que está ocorrendo, daquilo que é verdadeiro. Ao compreender “o que existe”, quem julga não é mais a opinião pessoal, mas a observação verdadeira. É impossível observar o que está acontecendo se a crença ou o condicionamento qualifica a observação; isso seria evitar a compreensão “daquilo que existe” (ocorre).
Se a pessoa olhasse para o que está acontecendo, evitaria toda a forma de ilusão. Alguém pode fazer isso? Pode observar verdadeiramente a própria dependência, seja ela de uma pessoa, de uma crença, de um ideal ou de alguma experiência que lhe provocou uma grande dose de excitação (dor, prazer)? A dependência, inevitavelmente, cria a ilusão.
Sendo assim, a mente que não vive a criar ilusões, que não formula hipóteses, que não tem alucinações, que não quer aferrar-se a uma experiência do que é chamado de verdade, agora trouxe ordem para si mesma. Ela está em ordem. Não existe mais a confusão produzida por ilusões, delírios, alucinações; a mente perdeu capacidade de criar ilusões. Então o que é a verdade? A astrofísica, os cientistas estão usando o pensamento para investigar o mundo material em volta deles, eles estão indo além da física, mas sempre movendo-se para fora. Mas, se nos voltarmos para dentro de nós mesmos, perceberemos que o “eu” também é matéria (energia, algo indestrutível, que morre e revive, e morre e revive…, …). E o pensamento é matéria (energia que pode fazer muito bem , assim assim ou muito mal…). Se a pessoa puder rumar para dentro de si (e para fora…), ela passará a descobrir aquilo que está para além da matéria (o espírito). Então, se a pessoa prosseguir assim, existirá o que se chama a verdade absoluta.”
Págs. 126 e 127 de: “Sobre a Verdade” (On Truth), de Krishnamurti, da Editora Cultrix, São Paulo, 2000
“Como proceder para descobrir se existe ou não a verdade absoluta, que é completa, que não muda jamais por conta das opiniões pessoais (verdades relativas)? (E para viver de acordo com ela?)… estamos questionando algo que requer… uma fuga (pela compreensão) do que é falso.
Se a pessoa tem uma ilusão, uma fantasia, uma imagem, um conceito romântico da verdade ou do amor, então essa é a barreira que a impede de seguir em frente…. O que é a ilusão? Como surge? Qual a sua raiz? Não significará isso…algo que não é verdadeiro?
O verdadeiro é o que está acontecendo., seja aquilo que se pode chamar de bom, de mau ou de indiferente… Quando a pessoa é incapaz de encarar o que se está passando nela mesma (à sua volta é a consequência…), ela cria ilusões para escapar disso. Se a pessoa não quer ou tem medo de enfrentar o que está acontecendo (pedindo ajuda, por exemplo, se for caso disso) essa mesma fuga cria a ilusão, a fantasia, o movimento romântico, longe do que existe (o real). A palavra ilusão implica mover-se para longe do que existe (do real, com as devidas consequências).
A pessoa pode evitar esse movimento, essa fuga do que é verdadeiro? O que é o verdadeiro? O verdadeiro é o que está acontecendo, inclusive as respostas, as ideias, as crenças e opiniões que a pessoa tem. Encará-las é não criar ilusão.
As ilusões só podem acontecer quando existe um movimento que nos afasta do fato, daquilo que está ocorrendo, daquilo que é verdadeiro. Ao compreender “o que existe”, quem julga não é mais a opinião pessoal, mas a observação verdadeira. É impossível observar o que está acontecendo se a crença ou o condicionamento qualifica a observação; isso seria evitar a compreensão “daquilo que existe” (ocorre).
Se a pessoa olhasse para o que está acontecendo, evitaria toda a forma de ilusão. Alguém pode fazer isso? Pode observar verdadeiramente a própria dependência, seja ela de uma pessoa, de uma crença, de um ideal ou de alguma experiência que lhe provocou uma grande dose de excitação (dor, prazer)? A dependência, inevitavelmente, cria a ilusão.
Sendo assim, a mente que não vive a criar ilusões, que não formula hipóteses, que não tem alucinações, que não quer aferrar-se a uma experiência do que é chamado de verdade, agora trouxe ordem para si mesma. Ela está em ordem. Não existe mais a confusão produzida por ilusões, delírios, alucinações; a mente perdeu capacidade de criar ilusões. Então o que é a verdade? A astrofísica, os cientistas estão usando o pensamento para investigar o mundo material em volta deles, eles estão indo além da física, mas sempre movendo-se para fora. Mas, se nos voltarmos para dentro de nós mesmos, perceberemos que o “eu” também é matéria (energia, algo indestrutível, que morre e revive, e morre e revive…, …). E o pensamento é matéria (energia que pode fazer muito bem , assim assim ou muito mal…). Se a pessoa puder rumar para dentro de si (e para fora…), ela passará a descobrir aquilo que está para além da matéria (o espírito). Então, se a pessoa prosseguir assim, existirá o que se chama a verdade absoluta.”
Págs. 126 e 127 de: “Sobre a Verdade” (On Truth), de Krishnamurti, da Editora Cultrix, São Paulo, 2000
Monday, 5 April 2010
Como pode a mente respeitável, satisfeita,
protegida por crenças mergulhar na verdade?
E, o amor só surge com o «eu» no devido lugar,
eu que tem de ser mui bem compreendido.
As criações da mente são geralmente falsas:
há que compreender isto e esvaziar delas,
pela compreensão, a mente e o coração. Poderá
então haver a canção indestrutível e não pervertível,
de Krishnamurti, não criada pela mente.
Temos de depender de nós mesmos, nunca de mais
ninguém: pessoa confusa que escolhe líder político
ou guru religioso, ou outro qualquer só pode escolhê-los confusos
também (círculo vicioso). Acabamos com confusão pela compreensão.
protegida por crenças mergulhar na verdade?
E, o amor só surge com o «eu» no devido lugar,
eu que tem de ser mui bem compreendido.
As criações da mente são geralmente falsas:
há que compreender isto e esvaziar delas,
pela compreensão, a mente e o coração. Poderá
então haver a canção indestrutível e não pervertível,
de Krishnamurti, não criada pela mente.
Temos de depender de nós mesmos, nunca de mais
ninguém: pessoa confusa que escolhe líder político
ou guru religioso, ou outro qualquer só pode escolhê-los confusos
também (círculo vicioso). Acabamos com confusão pela compreensão.
Espontâneo, sem memória,
vivo,novo, imediato,
directo, criativo,
original, sem apego,
sem nada apegado,
sem nada de permeio,
livre, sem carrego,
não monótono, cheio,
não repetitivo, silencioso,
sem medo, sem conflito,
inteligente, não estúpido,
só, acompanhado...
Espírito(s) estão para além
do pensamento e mente
subconsciente trabalha
mesmo enquanto dormimos.
O desejo injusto,
mesmo que lá muito no fundo,
só fortalece a memória, o que,
psicologicamente, só prejudica
a compreensão da vida e a comunhão.
Para compreendermos a verdade temos
de ter uma atenção não dividida,
sem escolhas.
O que não é verdadeiro é falso
e somente a percepção da verdade
liberta. Os nacionalismos são
todos muito falsos.
A verdade não é para se acreditar
nela, nem para se citar, nem para se colocar
em fórmulas ou dogmas: a verdade é viva, e, portanto,
é para se viver em cada momento!
Para enxergar a verdade, viver plenamente, são
precisos uma mente e um coração
plena e extremamente flexíveis e alertas.
Descobrirmos a verdade é também
compreendermo-nos profundamente na ação
que é relação.
Quanto maior o problema/relação,
maior a atenção.
Adorarmos , apegarmo-nos a outros
ou a nós mesmos é prejudicial à compreensão
de nós mesmos.
E, quanto mais respeito/atenção num(a),
menos nos outros(as) e em nós próprios.
vivo,novo, imediato,
directo, criativo,
original, sem apego,
sem nada apegado,
sem nada de permeio,
livre, sem carrego,
não monótono, cheio,
não repetitivo, silencioso,
sem medo, sem conflito,
inteligente, não estúpido,
só, acompanhado...
Espírito(s) estão para além
do pensamento e mente
subconsciente trabalha
mesmo enquanto dormimos.
O desejo injusto,
mesmo que lá muito no fundo,
só fortalece a memória, o que,
psicologicamente, só prejudica
a compreensão da vida e a comunhão.
Para compreendermos a verdade temos
de ter uma atenção não dividida,
sem escolhas.
O que não é verdadeiro é falso
e somente a percepção da verdade
liberta. Os nacionalismos são
todos muito falsos.
A verdade não é para se acreditar
nela, nem para se citar, nem para se colocar
em fórmulas ou dogmas: a verdade é viva, e, portanto,
é para se viver em cada momento!
Para enxergar a verdade, viver plenamente, são
precisos uma mente e um coração
plena e extremamente flexíveis e alertas.
Descobrirmos a verdade é também
compreendermo-nos profundamente na ação
que é relação.
Quanto maior o problema/relação,
maior a atenção.
Adorarmos , apegarmo-nos a outros
ou a nós mesmos é prejudicial à compreensão
de nós mesmos.
E, quanto mais respeito/atenção num(a),
menos nos outros(as) e em nós próprios.
Sunday, 4 April 2010
O pensamento dá forma à sensação
fornecendo-lhe uma imagem
e nasce o desejo:
não cries a imagem,
fica livre!
Não te prendas à imagem:
fica livre! Ama!
Amor não é sensação,
há coisas que não são
para a união.
O Amor, a Beleza estão
onde individualidade não
está.
Sistema só embota, só mecaniza:
sem comparar, sem buscar,
simplesmente para livre se ficar.
Com atenção, com compaixão,
sem consciência... e, o grande silêncio.
Sem tempo, sem espaço... e, o inominável,
o sagrado, o eterno.
Amor não é prazer, não é desejo, não
é satisfação.
Para lá do indivíduo,
para lá do vir a ser...
Uma imensurável energia.
fornecendo-lhe uma imagem
e nasce o desejo:
não cries a imagem,
fica livre!
Não te prendas à imagem:
fica livre! Ama!
Amor não é sensação,
há coisas que não são
para a união.
O Amor, a Beleza estão
onde individualidade não
está.
Sistema só embota, só mecaniza:
sem comparar, sem buscar,
simplesmente para livre se ficar.
Com atenção, com compaixão,
sem consciência... e, o grande silêncio.
Sem tempo, sem espaço... e, o inominável,
o sagrado, o eterno.
Amor não é prazer, não é desejo, não
é satisfação.
Para lá do indivíduo,
para lá do vir a ser...
Uma imensurável energia.
Observar sem
preconceitos sempre
como sendo
a primeira vez, Chendo.
Sensações sem imagens,
imagens sem sensações,
concretizações sem contradições,
desejos e Desejo,
verdades e Verdade,
Totalidade e parcialidade.
Sol, calor e humidade;
germinação sem medos;
despesa, apreciar, louvar.
Para lá do tempo.
Sem sobresaltos,
com equilíbrio.
preconceitos sempre
como sendo
a primeira vez, Chendo.
Sensações sem imagens,
imagens sem sensações,
concretizações sem contradições,
desejos e Desejo,
verdades e Verdade,
Totalidade e parcialidade.
Sol, calor e humidade;
germinação sem medos;
despesa, apreciar, louvar.
Para lá do tempo.
Sem sobresaltos,
com equilíbrio.
Saturday, 3 April 2010
Ouvir a verdade, claro!
Ouvir a natureza,
com certeza!
Sem nada fazer,
observar com muita atenção:
sem preconceitos, sem distorção
alguma, e... pela percepção,
do tempo, do pensamento
a dissolução!
E, sem tempo, sem pensamento,
sem a segurança da identificação
com isto, com aquilo, com a ideia...
É o fim da fragmentação,
e da divisão: a vida plena,
sem dor nem o prazer da dor.
Ouvir a natureza,
com certeza!
Sem nada fazer,
observar com muita atenção:
sem preconceitos, sem distorção
alguma, e... pela percepção,
do tempo, do pensamento
a dissolução!
E, sem tempo, sem pensamento,
sem a segurança da identificação
com isto, com aquilo, com a ideia...
É o fim da fragmentação,
e da divisão: a vida plena,
sem dor nem o prazer da dor.
Friday, 2 April 2010
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