Wednesday, 5 May 2010

“ … Para compreendermos uma relação, tem de haver uma atenção passiva – a qual não destrói a relação (já tal não acontece quando criticamos com a intenção de moldar, de interferir… o que gratifica, mas, também causa conflito, dor). Pelo contrário, essa atenção torna a relação mais viva, com mais significado. Há então nessa relação a possibilidade de uma afeição real; há uma vivacidade, uma intimidade que não é mero sentimento ou sensação. Se assim nos aproximamos ou estamos em relação com tudo, então os nossos problemas são facilmente resolvidos – os problemas que têm a ver com propriedade, com posse, porque somos aquilo que possuímos. O homem que possui dinheiro é esse dinheiro. O homem que se identifica com a sua propriedade é a propriedade ou a casa ou a mobília. Do mesmo modo se passa com ideias ou com pessoas; quando há possessividade, não há nenhum relacionamento. Muitas pessoas possuem coisas porque não possuem mais nada se não tiverem coisas. Somos conchas vazias se não tivermos coisas, se não enchemos a nossa vida com mobília, conhecimentos, com isto ou com aquilo. E cada concha faz muito barulho, e a esse barulho chamamos viver; e com isso (deveras muito pouco, certo?) nos satisfazemos. Quando há uma rotura, uma separação, então surge o sofrimento porque de repente descobrimos aquilo que realmente somos – uma concha vazia, sem muito sentido. Temos de estar atentos a todo o conteúdo da(s) relações e isso é ação; a partir dessa ação há a possibilidade de uma verdadeira relação, há a possibilidade de descobrirmos a grande profundidade da relação, o seu grande significado, há a possibilidade de conhecermos o Amor”

In: O Sentido da Liberdade, de Krishnamurti, da Presença

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