Questionador: Já percebi que um grupo que se reúne com regularidade para discutir seus ensinamentos tende a se tornar confuso e enfadonho. Será melhor pensar sobre tudo isto a sós ou na companhia de outros?
K.: O que é importante? Não é encontrar, descobrir por conta própria tudo acerca de você mesmo? Se esta for a sua necessidade urgente, imediata e instintiva, então você pode fazer isso na companhia de um ou de muitos, por você mesmo ou com dois ou três. Mas quando falta isso, os grupos tornam-se enfadonhos. Então as pessoas que participam deles são dominadas por um ou dois membros que sabem tudo, que estão em contato direto com a pessoa que já disse tudo isso. Eles se tornam então a autoridade, e gradualmente exploram os demais. Este jogo é bem conhecido. Mas as pessoas se submetem a ele porque GOSTAM (têm prazer = dor) de estar juntas. Gostam de falar, de ouvir os últimos mexericos ou as últimas novidades. E assim há logo uma deterioração. Você começa com uma intenção séria e isso logo torna-se algo ameaçador.
Mas se nós com insistência, sentimos mesmo a necessidade de descobrir por conta própria o que é verdade, então todos os relacionamentos são importantes. Mas essas pessoas são raras. Porque na realidade não somos sérios e logo transformamos os grupos e organizações em algo que deve ser evitado. Isso depende, sem dúvida, de até onde vai a sua avidez em descobrir tudo por si mesmo. E a descoberta pode ocorrer em qualquer situação – não apenas num grupo, ou quando você está a sós, mas sempre que você se mostrar consciente e sensível aos chamados do seu próprio ser. Observar a si mesmo – sua forma de falar à mesa, sua forma de falar com o vizinho, com o subordinado, com o patrão [com o colega, com o amigo(a)…] – por certo tudo isso, se a pessoa está consciente, indica o estado do seu ser. Esta é a descoberta importante, pois é ela que liberta.
In: pág. 41 de “Sobre a Verdade” (On Truth), de Krishnamurti, da Editora Cultrix, São Paulo, 2000
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