O ROUXINOL MILAGROSO
Um rouxinol enfeitado
voava rente com o chão;
cada vez mais cativado
já deixava pôr a mão.
Eu não tinha visto a raça
dum pássaro tão amoroso,
mas cismava duvidoso
não fosse espantar a caça.
Nada há que não se faça;
tentei de caso pensado,
ansioso e encantado
eu só já pensava nisto,
mas não disse que tinha visto
um rouxinol enfeitado.
Cantava dentro da vinha
aquela voz que eu ouvia,
eu fiquei que nem dormia
nos passos da avezinha.
Ia lá logo à noitinha
com amor em reacção,
no seu repouso ao serão
não era ave de tocas
e como caçava minhocas
voava rente com o chão.
Poisou no meu joelho
sem ter nada no papo,
fingia boca de sapo
além do bico vermelho.
Tinha pêlos num espelho
em desenho engravatado;
mostrou amor plantado
numa cena de carinho,
mirando o bordo do ninho
cada vez mais cativado.
Se houver quem não conheça
este rouxinol matreiro,
eu quando vi o primeiro
também perdi a cabeça.
Embora que não pareça,
mas há tanta perfeição,
peguei-lhe com emoção
como quem agarra um figo,
depois se fez comigo,
já deixava pôr a mão.
FOUTINHO
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment